Deputada federal Zenaide Maia quer votação aberta do pacote anticorrupção.

Única mulher na bancada potiguar da Câmara Federal, Zenaide Maia (PR) também foi exceção nas grandes votações que a Casa realizou ao longo deste ano, como o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a aprovação da PEC do Teto dos Gastos: votou contra, nos dois casos.
Acabou fazendo sucesso na internet, e um dos seus vídeos acabou visualizado por mais de 4 milhões de pessoas. Hoje (29) ela deve se posicionar favorável, junto com os colegas do Rio Grande do Norte, ao pacote de medidas contra a corrupção. Segundo declararam os políticos e assessores ao NOVO, a bancada deverá votar maciçamente a favor do projeto. Fábio Faria (PSD) foi o único que não confirmou posicionamento até o fechamento desta reportagem.
Zenaide segue além na discussão, defendendo a votação nominal no plenário, afinal, “cada um tem que assumir sua responsabilidade diante do eleitor”. Ela também não concorda com a retirada da medida que permitiria processar promotores e juízes por crimes de responsabilidade. A proposta sequer entrou no texto final da comissão especial formada para analisar a matéria, depois que o relator Onyx Lorenzoni (DEM/RS) recebeu promotores para discutir o tema.
“A lei tem que valer para todos os agentes públicos. Não apenas para alguns. Se for assim, é inconstitucional”, pondera a deputada. O trecho em questão foi combatido até pelos coordenadores da Operação Lava Jato, que previram ataques à força-tarefa.
Na primeira entrevista concedida após as votações polêmicas, concedida ao NOVO por telefone, a deputada comentou como recebeu a suspensão de um ano por ter votado contra o fechamento de questão do Partido da República na pauta do teto dos gastos. Ela afirma que ainda vai avaliar sua situação na legenda, mas ironizou a suspensão, afirmando que não entendeu o motivo da decisão. “Eu sempre achei que essa história de punir parlamentar seria por corrupção. Não entendi, principalmente porque eu cumpri o que diz o regimento do partido e atuei em defesa da Saúde e da Educação, mas me tiraram das comissões por um ano”, acrescentou.
Médica, a parlamentar declarou que votou contra o projeto do governo federal por entender a que a PEC dos gastos causaria um impacto negativo principalmente na saúde e na educação do país nos próximos anos. “A gente não pode continuar acreditando que educação e saúde são gastos. É investimento. Nunca ouvi falar de um país sair de crise sem investimento do governo”, ponderou. “Sou médica do SUS. Vi muitos brasileiros morrerem sabendo que se o hospital tivesse recursos aquilo não aconteceria. Sempre doeu muito”, complementa.
A respeito do impeachment, a deputada ressaltou que votou contra a condenação de Dilma, não para defender o mandato da petista, mas por ter convicção que os sucessores não iriam melhorar a situação do país.
“Eu tinha certeza que Eduardo Cunha e Temer não iam resolver a situação do país. A prova é que reclamavam dos vetos da presidência, mas no dia em que Temer assumiu o Congresso ficou reunido até três horas da madrugada para manter os vetos”, lembra.
A deputada reforça que a população precisa estar atenta ao Congresso, pois é lá que se discute os assuntos relacionados ao dia-a-dia. Embora o país tenha um sistema presidencialista, ela ressalta que o Legislativo detém muito poder e discute os principais temas da nação. É lá onde é definida a carga horária dos trabalhadores, ou a idade para aposentadoria, exemplifica.
PEC 160
Há mais de um ano, Zenaide Maia lançou a Proposta de Emenda à Constituição 160 para limitar os juros de cartões de crédito ao triplo da Selic, que é a taxa básica juros brasileira, definida pelo Banco Central.
Ela reclama, porém, que o projeto está parado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “O Brasil é um dos únicos países que não limitam juros. 60% das famílias endividadas têm problemas com cartão de crédito. Tem instituição financeira fazendo empréstimo com juros de 800% ao ano. Isso é uma extorsão”, declarou.
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