Prefeito Jaime Calado detalha planos Municipais , “Não queremos um distrito industrial, mas empresarial”

 


Estima-se que, entre 2010 e 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) de São Gonçalo do Amarante tenha saltado de R$ 1,1 milhão para R$ 1,6 milhão. A projeção é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo do município, com base no desempenho da economia local antes e depois da inauguração do Aeroporto Internacional Aluízio Alves.

Os dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) também dão mostras do desempenho. Segundo o Ministério do Trabalho, até maio de 2014 o setor da construção civil registrava saldo positivo de 16%. De acordo com o último levantamento de 2015, em 12 meses o setor reduziu em 14% o número de empregados. Em compensação, o setor de serviços duplicou as contratações no mesmo período, registrando saldo positivo de 40,7% – dez vezes a mais do que o setor no RN como um todo.

Nesta entrevista, o prefeito de São Gonçalo do Amarante, Jaime Calado, considera que o crescimento é fruto das operações do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Para Calado, a possível instalação do centro de conexões de voos (hub) da TAM é uma oportunidade para desenvolvimento de uma cadeia de atividades aeroportuárias. O município reduziu de 5% para 3% a cobrança do Imposto Sobre Serviços (ISS) como incentivo ao setor, e não descarta a desoneração para outras cadeias produtivas, como o turismo e hotelaria. “Estamos dispostos a fazer para tantas quantas atividades econômicas que gerem emprego e queiram vir ao nosso município”, pontua o prefeito. As oportunidades para desenvolvimento do turismo no RN serão discutidas na 23ª edição do seminário Motores do Desenvolvimento, que acontece dia 8 de junho, no Versailles Recepções. Confirma a entrevista:
Adriano AbreuPrefeito de São Gonçalo detalha planos do município na área de desenvolvimento econômico, impulsionados pelo novo aeroportoPrefeito de São Gonçalo detalha planos do município na área de desenvolvimento econômico, impulsionados pelo novo aeroporto

O que o aeroporto trouxe de avanço para a cidade?

O impacto começou há mais de cinco anos. O Produto Interno Bruto de São Gonçalo cresceu 132%, o que é mais que o dobro, proporcionalmente, do que o PIB da China. São Gonçalo é, também, a cidade com maior número de financiamentos habitacionais da Caixa Econômica nas faixas 2 e 3. A cidade tem 3 mil pessoas trabalhando no aeroporto; já se instalaram várias empresas, como a Teleperformance, que devido à nossa política de incentivo, reduzido para o setor de 5% para 2%, é a maior contribuinte de ISS do município e tem 3 mil empregos. E demos a redução do ISS de 5% para 2% para atividades aeroportuárias que vai contar como diferencial para a escolha do hub da TAM.

Essa desoneração não causa um impacto financeiro para a arrecadação municipal?
Não, pois quando demos a redução foi em 2010. Naquele momento, só quem voava em São Gonçalo era passarinho, que continua isento, então não houve renúncia fiscal. Somente quando você tem atividade há uma ‘renúncia fiscal’ e a Lei de Responsabilidade Fiscal exige um estudo detalhado para que você possa compensar aquilo. Não é o caso. Estamos dispostos a fazer para tantas quantas atividades econômicas que gerem emprego e queiram vir ao nosso município.

O benefício é estudado para turismo e hotelaria?
A gente estuda, o que é uma coisa boa, pois não há hotel na nossa cidade. Esse aumento ainda vai acontecer, há muitas empresas interessadas. Há várias empresas para chegar em São Gonçalo. A crise também retardou um pouco o investimento. A desoneração do ICMS de aviação também demorou: o ideal era que fosse feito antes do aeroporto iniciar. De qualquer forma, mesmo no meio desta crise há fortes indícios de crescimento econômico pela chegada do hub da TAM, que promete 10 mil empregos. Isso é um crescimento fantástico. Na carta que a empresa me manda, ela diz: são dez mil empregos.

A TAM exigiu algum investimento por parte de São Gonçalo do Amarante?

Na carta que a presidente nos enviou, é ela quem fala nas potencialidades. O que sabemos é que o ICMS, que estávamos em desvantagem, não estamos mais. Na questão do imposto municipal, nossa diferenciação é essa, de 3%. O querosene de aviação somente o Rio Grande do Norte produz. Os aeroportos de Recife e Fortaleza também já estão em áreas urbanas, não têm espaço para crescimento, e são empresas administradas pela Infraero: uma empresa pública, com uma quantidade de burocracia que a Inframérica, totalmente privada, não tem. O nosso aeroporto também é o único do Brasil projetado para ser um hub, também é o primeiro aeroporto-cidade do Brasil. Ele foi projetado pela sua posição estratégica.

Projetado como?
Ele já tem lugares para instalação de shoppings, hotéis, indústrias, serviços e a única pista do Brasil feita para receber a nova geração de aviões. Também tem um plano diretor de crescimento para 40 milhões de passageiros ano, isso nenhum outro tem.

Quais outros investimentos são necessários?
O acesso tem que ser cobrado do Estado com veemência. Eles já estiveram lá com a TAM e se comprometeram publicamente a terminar os acessos, mas isso não é uma condicionante. É uma pena do jeito que está porque, além de não terem terminado os acessos, não taparam os buracos. Isso tem sido cobrado e o governo garantiu que vai terminar.

Isso impacta o funcionamento do aeroporto?
Não, de forma alguma. Estão fazendo muita firula em cima disso: não há nenhum engarrafamento nos acessos. Natal é que tem engarrafamento, mais de 40 anos sem investimento em mobilidade urbana. O problema hoje é atravessar Natal. Quem mora na Zona Sul e quer ir para o aeroporto de São Gonçalo está vendo a dificuldade de quem morava na Zona Norte e ia para o de Parnamirim.

A conclusão do acesso sul, via BR-304, ajudaria?
O acesso sul é necessário mesmo se não existisse aeroporto, seria urgente e necessário. É chamada Via Metropolitana que deveria estar pronta há muito tempo: começa na Via Costeira, passa pela Ponte de Novo, o Pró-Transporte, pega a BR-101 que já está duplicada, pega a BR-406, já duplicada, segue direto por uma ponte e pega a BR-304. Isso quer dizer que uma carreta que vem de Fortaleza pode pegar a BR-304, passar pelo aeroporto e ir para o porto sem atrapalhar a vida de ninguém. Esta é uma obra simples e barata, não custa R$ 80 milhões. 

O aeroporto já foi procurado por outras empresas aéreas?
Havia uma conversa, antes da inauguração do aeroporto, com a Azul. Mas, em seguida, não se falou mais e apareceu a história da TAM, que é um projeto bem maior.

Sobre a mão de obra, é preciso oferecer melhoria?
Não posso dizer nem que sim nem que não, pois não foi nos apresentado o quadro de profissões necessárias. Já temos cursos voltados para a área funcionando no Instituto Federal de São Gonçalo do Amarante.

E os projetos para o desenvolvimento de condomínios industriais no município?
Era algo que tínhamos expectativa de montar desde antes do aeroporto, trazendo infraestrutura e até a universidade, que trariam a expertise. Conseguimos, no primeiro ano, desapropriar o terreno, mas ficamos sem royalties para pagar. Tivemos que desistir e desapropriar uma outra área, do outro lado do aeroporto, e atualmente está sob judicie.

Esse crescimento industrial para o aeroporto ainda vai demorar?
Serviços cresce mais no mundo todo. Quanto mais avançada for a sociedade, mais o PIB é de serviços.  Por isso, não queremos um distrito industrial, mas empresarial. Claro, a indústria é essencial porque é antes, durante e depois dela é que os serviços acontecem. Mas em termos de PIB, a tendência é que os serviços se tornem sempre mais significativos. Hoje, todos os aeroportos-cidades do mundo crescem cada um com sua vocação, mas há aquelas que são comuns a todos. No caso do aeroporto cidade, a expansão começa de dentro, no entorno e nos acessos. Não há nenhum caso que não tenha acontecido assim. Nossa área interna é muito grande: 15 quilômetros quadrados.  E nesta área há uma intenção total da Inframérica de atrair empresas.

Mas houve fechamento no ano passado?

Acontece que eles chegaram com preços semelhantes ao de Brasília, então não há como garantir negócio. Hoje eles estão bem receptivos e viram que, quanto mais serviços tivermos no aeroporto, melhor para eles.

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