Dilma sem o PMDB: é um risco ou oportunidade?.

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Maior partido da base aliada depois do PT, PMDB estressa ao limite relacionamento com presidente; um dia depois de Dilma Rousseff declarar que quer manter 39 ministérios, líder Eduardo Cunha apresenta proposta para reduzir ministros a 20; trombada de frente; chamado de "sabotador" pela esquerda do PT, vice Michel Temer não desmente rumor de que vai procurar chefe do Executivo para ameaçar rompimento; Dilma pode se adiantar a ele e ser a primeira a escapar do cerco dos leões do partido?; risco de base aliada menor pode ser compensado por oportunidade de fazer governo sem compromisso de dar centenas de cargos ao PMDB; mas ruptura viabilizaria presidenciável Eduardo Campos, do PSB, e tiraria precioso tempo da presidente no horário eleitoral gratuito, em 2014; como salvar Dilma?

Desde a redemocratização, em 1985, todos os presidentes da República eleitos direta ou indiretamente governaram com o apoio do PMDB. José Sarney, ex-presidente da Arena, dividiu, na prática, sua gestão com os peemedebistas liderados por Ulysses Guimarães. Até Fernando Collor, do oposicionista PRN, teve num dos fundadores do partido, Bernardo Cabral, seu ministro da Justiça. O vice collorido, Itamar Franco, procurou estabilizar sua gestão de tempo reduzido com senadores peemedebistas em seu primeiro escalão. E o sucessor Fernando Henrique Cardoso obteve o direito à reeleição com o apoio da legenda. Lula, em seguida, investiu, decididamente, em abrir espaço para o partido dentro de seus dois governos para ter maioria no Congresso.
A presidente Dilma Rousseff seguiu pelo mesmo caminho. Hoje, tem cinco ministros que são do PMDB. A pergunta é: Dilma tem mais a perder ou a ganhar caso haja mesmo um rompimento entre o partido e seu governo?
À primeira vista, governar sem o PMDB é cortejar a ingovernabilidade. Com 20 senadores e 77 deputados federais, além de cerca de mil prefeitos e cinco governadores de Estado, o partido gosta de se posicionar no centro partidário. Dessa posição, ora pende para a esquerda, ora se inclina para a direita. Deter posições de mando é seu norte principal. Dono das presidências da Câmara e do Senado, com Henrique Alves e Renan Calheiros, tem no vice-presidente Michel Temer o maior símbolo de sua participação no apoio à eleição e à gestão Dilma.

CALVÁRIO NAS VOTAÇÕES - Mas é igualmente verdade que governar com o partido como aliado tem sido, para a presidente Dilma Rousseff, um calvário. A cada votação importante, as negociações se tornam mais difíceis, a exemplo da extenuante aprovação da MP dos Portos, no início de junho, quando os votos do partidos foram arrancados na base do toma-lá-dá-cá da troca de apoio por emendas orçamentárias.
Agora, o líder da legenda, Eduardo Cunha, anuncia que vai apresentar Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para limitar a 20 o número de ministérios. A novidade foi anunciada na segunda-feira 29, um dia após a presidente declarar que não pensa em reduzir o tamanho do seu primeiro escalão de governo. Trombada de frente.
Ao mesmo tempo, o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha, faz um dossiê com questionários respondidos por parlamentares do partido, que apontam para o desejo de mais espaço na adminitração federal ou, caso não haja disposição, uma debandada em apoio ao presidenciável Eduardo Campos, do PSB. Nesse quadro, o vice Michel Temer mantém um silêncio que fala alta para aumentar as tensões.

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